domingo, 20 de fevereiro de 2011

BARCELONA


Há oito anos atrás decidi que deveria sair da minha São Paulo natal, achei que seria a melhor maneira de conhecer o mundo, outras pessoas e fazer da minha vida um livro de experiências vividas. Inconsciente de tudo o que poderia acontecer, separei um pedacinho no meu coração para guardar as melhores lembranças do meu Brasil e embarquei numa aventura sem muita programação ou organização.
Com 23 anos de idade e totalmente, até este momento, dependente financeiramente da família e dos amigos, tive a minha primeira experiência e que talvez tenha sido a mais significativa de todas. A minha viagem, a independência. Neste momento a independência recém conquistada não foi percebida e que só alguns anos depois, ponderando, entendi a importância deste voo, que durou 11 horas que foi de São Paulo a Lisboa. Ao aterrissar nesta terra estranha, tudo dependeria só de mim e só não estava claro para mim que alguma merda aconteceria.
A pesar de todas as boas experiências e momentos felizes que vivi em Lisboa e Portugal, onde vivi 10 meses, as discrepâncias culturais (acredite se puder, filho de português e não se adapta a Portugal) decidi que seria melhor para mim mudar de país e conhecer outro lugar. A final, se não funcionasse a família e os amigos estariam me esperando de braços abertos no Brasil. Abraçado a esta ideia, achei que o melhor que eu poderia fazer era ir para a Espanha. Estava perto de onde eu estava, a cultura é relativamente parecida a brasileira (embora, de certo modo, esta desculpa não funcione já que não me adaptei a Portugal), sempre me identifiquei com a arte espanhola e tinha uma enorme curiosidade por este país. Não aleatoriamente, escolhi a cidade de Barcelona, por causa do mar, da  história, da cultura e porque aqui todas as semanas se pode assistir aos jogos do melhor time de futebol do mundo.
É impressionante tudo o que eu vivi nesta cidade maravilhosa, aqui sem duvida virei uma pessoa melhor, socialmente e profissionalmente. Aprendi sobre diferentes culturas, a respeitar aos demais e fazer-me respeitar, lutar pelos meus direitos e cumprir as minhas obrigações. Aprendi uma profissão e dois idiomas, fiz amigos e o mais importante de tudo, conheci a Anna, minha mulher e que amo muito, durante estes 4 anos que estamos juntos sempre me apoiou, me cuidou e aguentou os meses que passei de férias no Brasil. Ela foi a primeira que me apoiou quando achei que era o momento de voltar para o Brasil. Aqui, viajei como nunca havia viajado antes e conheci lugares que antes só tinha visto em fotos nos livros de historia ou geografia. Amei e odiei. Trabalhei e dei o valor devido as minhas conquistas. Sofri, me cortei e me queimei em diferentes fogões, mas nunca abaixei a bola, sempre olhava pra frente.
Acho que os bons momentos da vida sempre devem ser lembrados, assim nunca prevaleceram os maus momentos e durante todo o tempo que estive em Barcelona, sempre tive presente o pedacinho do Brasil que levava comigo.
Durante os sete anos que morei em Barcelona aprendi a amar esta cidade, neste lugar construí uma vida e se hoje sou o que sou, é porque morei em Barcelona.
Dentro de 24 horas entrarei num avião com destino a São Paulo e sem passagem de volta (por enquanto), levando a minha bagagem cheia de aprendizagem que quero aportar para o meu país. Desta vez, levo comigo um pedacinho de Barcelona no meu coração. 
Moltes Gracies Barcelona.

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